quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ARTE NA PÓS-MODERNIDADE





A ARTE PÓS-MODERNA

Este texto tem como mote a composição "Bienal" de Zeca Baleiro do Cd "Vô Imbolá" (MZA).Nela o compositor maranhense disserta com ironia e bom humor sobre a temática da 23ª Bienal Internacional das Artes Plásticas de São Paulo (1996): "Desmaterialização da obra de arte no fim do milênio". Ou seja, em que medida o quadro contemporâneo transcende a limitação da moldura. Ou o que sinaliza a crítica ao suporte tradicional. Assim, a pintura pode sair da tela e/ou o espectador é convidado a entrar na escultura.

A arte moderna tendia à militância política. Procurava cantar as glórias da tecnociência como no caso do Futurismo Italiano, ou, pelo contrário, procurava denunciar o cenário caótico da modernidade urbana do capitalismo industrial, como nas cores fortes do cubismo e do fauvismo ou na cinzenta deformação da realidade do expressionismo alemão.

A arte pós - moderna " chamada, acertadamente, por alguns teóricos de "arte pós - vanguarda"- renuncia a qualquer messianismo. Não quer salvar a raça humana do colapso da modernização como disse Robert Kurz ou propor qualquer utopia capaz de suplantar a barbárie resultante desse colapso. Desse modo, o artista pós - moderno vê-se num pêndulo entre o niilismo sinistro da morte de Deus e o narcisismo hedonista e cínico da apologia do consumo. Isso se traduz pictoricamente em negativos fotográficos corroídos por ácido justapostos na parede ou nas latas de sopa Campbells de Andy Wahrol.

A arte pós - moderna aponta para um impasse do homem pós - moderno: que caminho iremos tomar daqui para frente? Num contexto em que cada vez mais pessoas se tornam coisas e coisas se tornam pessoas, como Marx previa na sua crítica ao fetichismo da mercadoria, o que propor para raça humana? Será que ainda existem propostas plausíveis ou viáveis? A impressão que se tem ao visitar as exposições do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar (Fortaleza - Brasil) é de que o homem não tem mais nenhum projeto aglutinante e de que a arte atual é, ou seria, a própria celebração desse atomismo.

Há um aspecto, entretanto, que tem de ser evidenciado na arte contemporânea e sua tendência à ruptura com o suporte. Seria o caráter não - comercial desta arte. Qual burguês irá comprar as esponjas de aço enferrujadas da artista - plástica gaúcha Elida Tessler? E isso é muito bom, numa época em que os executivos americanos dizem tudo estar à venda, inclusive, a dignidade humana.

Portanto, percebo um potencial subversivo na arte atual. Que é o de revelar a insustentabilidade do projeto civilizatório moderno. Negando a sociedade produtora de mercadorias e sua sociabilidade viciada quando produz "trambolhos" que não podem ser empendurados na parede ou que sujariam as estantes dos apartamentos burgueses.

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